Wednesday, March 14, 2007

"Extra! Extra! Figueiredo é acusado de ser reacionário!"
Me apetece aos montes praguejar contra a imprensa nacional. Mesmo. Acho-a mimada, irresponsável, manipuladora e covarde. Burros ao extremo ao noticiar qualquer novidade científica, por exemplo, justificam sua própria ignorância rebatendo-a ao público a limitação “Mas é um jornal de alcance geral. Todos tem que entender de forma clara o que o projeto científico em questão trata” (Claro, explicaram muito bem a diferença entre os US$ 20 milhões do Astronauta Marcos Pontes e o mesmo dinheiro que o turista americano pagou para ir ao espaço. Tanto que iniciou um debate mogolíssimo acerca disso) Redações inteiras têm rabos presos por conta de um contrato comercial que a empresa que controla o jornal tem ou ligado a um político x. E esse último não rareia, posto que boa parte dos legisladores têm concessão radiofônica e televisiva. Ah, e a constituição não permite, mas estão lá. Mistério.
Anyway, estava praguejando contra tudo isso. Como sempre. Por ser um sujeito mal educado que não tem a fina intenção de bajular o próximo e limitar minha liberdade, disse tudo isso na frente de um engajado, mas medíocre, jornalista. O que me deixou mais intrigado não foram os gritinhos nem os xiliques que um homem barbudo pesando, aproximandamente, uns cem quilos deu. (Aliás, não sabia que sujeitos de voz grossa alcançavam agudos tão finos.) mas sua defesa ceguissima em relação à classe.


Ainda surpreendido, me chamou a atenção o cenário Mini-Brasil ali configurado. Ele e eu. Jornalistas versus sociedade. Parecia mesmo a discussão que os jornalistas menos sérios evitam há anos; Sua qualidadade, responsabilidade no que reportam e imparcialidade.


O moço, tomado pela raiva até o começo de seu Comb-over, apontou o dedo para esse que vos escreve e disse que eu tinha um “espíritozinho milico” ao defender alguma agência reguladora para a classe. “E a liberdade de expressão?!? O governo poderia controlar o que é escrito!! E aí?! É ditadura de novo, negão!!Reacionário! Tu sabe o que foi ditadora?!?”, e foi aí que eu vi que o discurso do sujeito é o MESMO que se vê pro aí quando se fala numa agência reguladora para a profissão. Quanto medo.


Retruquei calmo - incrível o que a sobriedade anda me fazendo. Qual o vínculo com o Estado que os conselhos de qualquer outra profissão tem? Isso mesmo, cara audiência. Zero.

O Engenheiro Sérgio Murilo Domingues (Não o dono Naya) do Palace 2 respondeu na íntegra pela responsabilidade do desmoronamento, pois, o CREA, há bilhões de anos luz, disse assim “Cada obra terá um responsável técnico que supervisionará as obras e tudo que acontece nela para que haja controle do que se produz nos critérios de segurança e qualidade de produção”. Aí, cada obra tem o Responsável Técnico. Ele causou danos e terá que pagar pela sua omissão. Desde então, esse homem não assinou nem projeto de casa de cachorro. Incompetente? Retiramos do mercado, pois, não é dos nossos. Simples assim.

Agora, peguemos um gordo leguminoso jornalista barbudo (nada pessoal com o gajo, foi só ilustração repleta de coincidência) escreve sobre um casal dono de um jardim de infância no interior de São Paulo, regido pela mente fantasiosa de algumas fontes bem imbecis. “Esse casal é pedófilo e mantém uma escolinha” dizem. É a bomba do século. O Jornalista publica, o Ministério Público vai atrás e começa o processo de difamação do casal. O jornalista brasileiro é um dos poucos no mundo que não sabe (ou não quer saber) a diferença entre acusado, suspeito e indiciado.

Obviamente, orgulhoso pai de seu menino, o jornalista põe lenha na fogueira e manda uma redação sobre a história onde o “acusados” transofrma-se em “fascínoras repletos de culpas, esses safados”. A sociedade já julga. Contudo, o judiciário não cai muito nessa e vê os fatos com calma. O casal, que desde o começo se dizia inocente, de fato, era.
Essa história é popular. Icushiro Shimada, Maria Aparecida Shimada e Maurício Monteiro de Alvarenga foram condenados culpados pela sociedade, por bastante tempo. A dúvida para o público da inocência ficou no ar. “Acho que faltaram provas”, “Escaparam de fininho!”. Nunca o julgamento que o jornalista vende será trocado pelo bom senso. Não acreditamos muito em autoridades, por isso, vem o gancho para que o imprensa nacional se julgue o quarto poder. Quanto às vítimas? Até agora se vêem às voltas com processos indenizadórios. A denúncia ocorreu em 1994. Doze anos de suas vidas fortadas e abaladas.E o jornalista? Ninguém nem lembra o nome do fulano e acredito piamente que ele trabalha muito bem obrigado. Esse sim, cometeu um crime e saiu ileso. “É a liberdade de expressão”. E onde está a responsabilidade de expressão? Na quente entradinha do fiofó, claro.

“Mas isso não aconteceu mais!!! A gente acertou tudo!!” A questão não é o acerto ou não. A questão é que o comportamento é o mesmo. Antes mesmo da justiça condenar o Chipkevitch pelo crime de pedofilia, a imprensa e sociedade já tinha dado o aval. Só faltou açoitar o gajo em praça pública. Mas, e SE não fosse ele? “Mas tem o vídeo”. Bem, não interessa, quem decide é o juíz, não você. Isso é responsabilidade "e se não for ele...?". Caso do assassinato do gajo da Mega-Sena. Li, certa feita, a seguinte manchete "Loira assassina é solta". Era o "O Globo". Quanta imparcialiade, sabendo que a) ela não foi julgada, b) portanto, não assassina e c)ela é oxigenada (tá, esse último pode deixar passar)

Urge, sim, criar um Conselho formado elementos da profissão, desmembrados do Estado, cientes da mais sagrada e embrionária razão do jornalista existir; A informação em si. Não é utópico pensar que eles poderiam minimizar essa arrogância de quarto-poder da imprensa e redireicionar a verdadeira responsabilidade dos meios informativos e seus autores. O leitor precisa saber dos fatos e somente os fatos. A partir dali, nós criamos uma opinião.

Voltando ao gordinho. Alguém da audiência leu alguma linha reacionária no último parágrafo? Pois bem, o gordinho acho isso o cúmulo “Mas tinha que ser mesmo, filho de militar, nome Figueiredo! Só o nome já lembra o pior da nossa história”Jornalista ignorante mesmo. Meu pai virou militar para aprimorar os estudos de engenharia de modo gratuito, vindo ele de uma família de orgigem muito humilde. (Difícil enxergar um engenheiro botanto um comuna no pau de arara) Ele acha o nome Figueiredo terrível?! Mas não foi com o Figueiredo que começou o processo de redemocratização do Brasil?


Haja paciência, audiência...

2 comments:

Anonymous said...

Afe, compreendo bem essa raiva...
Sinceramente, não acho que o problema seja a imparcialidade.... mas a imparcialidade desnuda de qualquer caráter ou responsabilidade. Se verficiarmos o jornalista Nelson Rodrigues, vc terá uma época de dois jornais cariocas que tinham posicionamento político claros e divergentes! Nada era imparcial! A diferença de hoje, que a maioria dos jornalistas vomitam a imparcialidade, não se pocisionam para nenhum lado e na prática, são parciais conforme o interesse do furo! Isso é vil, e não ser simplesmente parcial e defender o que acredita! Hoje, são franco atiradores, sem qualquer responsabilidade, sem apontar o que acredita, e se sente acima do bem e do mal! Simplesmente, denuncia e depois joga a notícia, sem qualquer comprometimento com que acredita, como se fosse uma necessidade da profissão. Isso é tratar o leitor como burro, dê a notícia e faça sua crítica, se o leitor concordar ótimo, caso contrário formará sua própria opinião. Diferente de dar a notícia como verdadeira, sem que o posicionamento do jornalista aparecer de forma clara.Dessa última forma, vc leva as pessoas a erro de julgamento, pois não percebe que é o julgamento do jornalista. AFE, SINCERAMENTE, GOSTARIA MUITO DE JORNALISTA COMPLETAMENTE PARCIAIS, QUE ASSUMEM O QUE FALAM E SE POSICIONAM PERANTE UMA NOTÍCIA! MAS FALTA CULHÃO!Enfim... alguns jornalistas me nerrrvam também... obrigada pelo desabafo.

Anonymous said...

cresce

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