Friday, October 31, 2008


Aproveitando a ocasião, gostaria de desejar a algumas ex-chefes, às amigas de minhas ex-namoradas, às ex-namoradas, às tias, às mulheres da faculdade de Engenharia Civil da UFRJ, às colegas de trabalho, a minha dentista, blogueiras, à gerente de meu banco e a todas as mulheres que, voluntariamente ou não, fizeram da minha vida algo um pouco mais miserável, um feliz Dia das Bruxas.

Thursday, October 30, 2008

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Estamos com o cronograma em dia. O plano de transformação a longo prazo do Rio numa cidade (mais) miserável passeia de vento em popa; Eduardo Paes, mais um político carioca com o execrável perfil dos tipinhos que atuam nessa cidade por quase duas décadas, administrará, a partir do ano que vem, a Cidade Maravilhosa por quatro anos.

Aliás, qualquer pessoa que ainda chamar o Rio hoje de Cidade Maravilhosa ou é porque está colocando uma paixão desmedida e mimada bem acima da razão ou porque perdeu a visão, a audição e o olfato em 1983. Essa cidade, só não vê quem não sai daqui (e cariocas não costumam viajar, salvo para a região dos lagos), é um dos piores lugares para se viver hoje no Brasil.Não é exagero.

Veja, caro leitor, vamos nos despir daquela imagem que temos da capital fluminense e trasportar realmente o que ela é hoje para uma cidade fictícia; Lago de Fevereiro.

Lago de Fevereiro tem uma posição geográfica privilegiada; Praias, morros, aterros modernistas, florestas, lagoas (que dá o nome a cidade)... Tudo isso é só no cartão postal ao passo que as praias estão totalmente poluídas, os morros estão tomados por habitações irregulares, suas lagoas viraram urinol de condomínios construídos aos borbotões sem estudo de impacto urbanístico nem cuidado do poder público com seu esgoto (e, como é o mercado imobiliário quem manda e a prefeitura já está comprada, quem se importa com estética? Constroe-se o que couber mais unidade no terreno), as florestas são inacessíveis e o que se acessa já está tomado por farofeiros que levam frango e cachaça ou por religiões que - coincidência? - usam farofa, frango e cachaça em seus cultos. E os aterros são o sonho de qualquer mendigo. Lugar âmplo para se dormir ao relento, mijar tudo em sua volta e trocar aquele par de cigarro esperto por uma "chupeta" em plena luz do dia. Bem, já que os Basiobas (nativos de Lago de Fevereiro), preferem ir ao Shopping do que ir aos aterros, constitue mais ainda o abandono.

Bem, Parece que Lago de Fevereiro não está tão bonita assim. Mas, espere! O dia-a-dia tem que fazer valer a fama de Cidade Esplendorosa!

Os Basiobas não gostam de trabalhar e querem que você fique ciente disso o tempo todo, fazendo seu serviço - qualquer um - reclamando. Isso pode ser bem desanimador. É um milagre a economia basioba existir. O transporte coletivo também não é muito bom, ao passo que quem manda não é o poder público e sim empresários. Concessão pública é uma formalidade para federalistas verem. E, dentro desse universo dos ônibus, o motorista é quem manda em seu coletivo, escolhendo se pára ou não para passageiros, afinal, ele não queria estar ali trabalhando também. Além de seu império interior, a rua também pertence a ele, junto aos motoristas de vans e aos taxistas que, com suas artimanhas bem malandras típicas do basioba, deixam a já triste malha viária da cidade um inferno, parando no meio da via, promovendo buzinaços e fechadas que matariam Hamilton de inveja. Mas é difícil pedir para taxistas e vans maneirarem pois, não raramente, tem uma costa quente de alguém de seu sindicato, que está a serviço do tráfico de drogas e das milícias e essas retribuem favores elevando politicamente sindicalistas para que possam ser testas de ferro no legislativo local.

Espere! Eu não escrevi que Lago de Fevereiro tem problemas com drogas?

Pois é. Tem. Lago de Fevereiro é um dos maiores nichos de tráfico de drogas no seu país. Especialmente cocaína. E curiosamente seu país não planta e vagamente refina cocaína. Curioso. Mas, enfim, o tráfico de drogas atrapalha bastante a cidade, posto que a guerra pelo tráfico fez com que traficantes e policiais (vejam, escrevi "traficantes e policiais" e não "traficantes e Estado") entrassem em um conflito particular tão profundo que hoje os policais estão tomando conta dos negócios que outrora pertenciam a traficantes. E esse conflito dá problema para os basiobas! Balas perdidas, investidas assassinas de policais, crimes sangrentos pelos bandidos, fechamento de ruas, delegação de leis próprias em dados locais da cidade, insegurança, mudança de conduta dos policiais para com o cidadão, desfoque e esquecimento dos usuais problemas policais como furto, roubo, agressão, etc... O basioba, que não pode contar com o Estado, só resta fumar um ou cheirar algumas carreiras espertas para levar a coisa toda na esportiva. Mas, o basioba é malandro e o basioba é esperto! Ao invés de tentar mudar isso pelos meios legais ou voto - que é coisa de otário - eles pagam uma merecida cervejinha pro "Seu Poliça" para as coisas ficarem numa boa. Esquentar a cabeça para quê?

O múltiplo leque de entretenimento de Lago de Fereveiro é o seguinte ; Praia poluída, restaurantes que cobram pela decoração e não pela horrorosa comida, cinemas repletos de basiobas qeu não sabem assistir filmes quietos, festivais de cinema tranformados em virtine de poses e jogos de futebol dos times mais incompetentes dos campeonatos nacionais. Shows? Uma variedade sem igual; Samba-Rock, Samba-Rap, Samba Hip-Hop, Samba Canção, Samba de Gafieira, Samba de Roda, Samba Universitário, Samba. Tem também funk e bossa nova, com uma pitada de samba. O teatro de humor é sempre ligado aos mais falidos bordões da comédia de sua principal emissora televisiva e inteligência - ou qualquer sinal dela - não há. O cinema fala bastante de algumas áreas de Lago de Fevereiro, as regiões mais pobres, claro, mas sempre acabam poetizando alguns problemas sociais e terminam celebrando uma desgraça como algo "lúdico" (um doce para quem der vários chutes na pessoa que colocou essa palavra na moda). E nem adianta criar ou demonstrar seus próprios gostos, os basiobas repelem aquilo que você de fora gosta, afinal, tomam como verdade suprema que são o centro cultural do país em que vivem e tudo que produzem, assistem e consomem é o correto.

Mas, essa é a cultura basioba, talvez imutável, portanto, repeitemos. Mas o que é estranho em Lago de Fevereiro é a cidade. As ruas são maltradas porque os basiobas, com razão, já não acreditam em algo coletivo. A raiva e frustração por inúmeras situações terríveis da cidade faz do outrora caloroso basioba um bronco indiscritivelmente egoísta. A cidade que echia o peito do avô do basioba de orgulho está em ruínas. Abandonada e maltratada. O desgosto e amor que o basioba tem pela cidade deve se assemelhrar a que filhos de prostitutas tem com suas mães. E segue assim, sem esperança, sem um mínimo sinal de que a coisa mudará. Pelo contrário, cada dia fica pior e pior.

Não dá pra chamar Lago de Fevereiro de Cidade Esplendorosa.

Saturday, October 11, 2008





Toda cara de pânico dos âncoras de telejornais, toda manchete em letras garrafais, qualquer matéria apavorante que se escreve hoje sobre economia, me faz lembrar quando era noticiado a grande mazela do Brasil até bem pouco tempo atrás. Parece-me que os jornalisatas do meu Brasil varonil, que todos estão carecas de saber que acho uma corja preguiçosa, burra e arrogante, se acostumaram a escrever sobre economia como quem fala a respeito de um navio em chamas. E, já que são tão profissionais, gastam horas e horas cuspindo fogo sobre os cenários de crise. Nem que seja a crise dos outros. Parece que gostam de assustar. Noto, cada vez mais, que a imprensa do meu país não gosta muito que as coisas andem bem. Creio que é porque só se limitam, como símios e outros animais dessa nota, a expressar os extremos; Ou o pânico, ou o grande louvor supremo. O meio termo parece difícil.
Difícil porque o meio termo exige raciocínio.

Vejam, nada tenho a ver com economia e nem de longe aspiro ao ofício de jornalista, ainda assim, bronco e limitado nesse assunto que sou, consigo entender que essa crise é em gigantesca parte deles. Não é nossa. O Brasil tem 35% de seu PIB voltado para crédito, sendo que os EEUU ultrapassam longe dos 100%. Alguns de nossos bancos fortes são do Estado, e os outros têm uma visão bastante conservadora sobre aplicações de risco e, ao contrário deles, não temos grandes fundos de investimentos. As empresas que tiveram prejuízo no Brasil, que são grandes mas de número diminuto, foram aquelas que tiveram seu foco administrativo desvirtuado para a escola de Chicago que apregoa a maximização dos lucros pela especulação de mercado e não somente a venda de seus produtos. O que pode ocorrer no Brasil é que poderemos ter uma queda da exportação. Levando em conta que o produto de maior significação de exportação é soja, é para pensar que o mundo não opta por passar fome. Opta por não comprar SUVs. Exportamos, em grande parte, produtos alimentícios e de matéria prima. Necessidades, portanto, uma tímida queda. Nisso sem falar no despeque do preço do barril do petróleo que começou inflacionando a poraria toda para começo de conversa quando explodiu o US$ 100,00. Falando em Dólar, está a R$ 2,30? Grande coisa, já tivemos o dólar a R$ 3,00 e sobrevivemos muito bem.


Está tudo bem. Aliás, está tudo ótimo. Se quem está governando o Brasil fosse realmente esperto, aproveitaria esse momento de fragilidade dos EEUU para rever as intenções do tal do ALCA. Criando uma enorme gama de facilidades para nós e los hermanos.


Imaginem que tudo que foi escrito acima saiu de um fulano que tem uma coluna na Veja, que, deduz-se, jamais publicaria cenário positivo tal. Stephen Kanitz foi o convidado do Jornal da Band da edição noturna de ontem. Se for ver na pauta, a entrevista poderia ser mais uma entre mil que bombardearia qualquer crença de que nosso país, finalmente, anda bem (e não é por conta do Lulinha não, caros vermelhos. È um processo que vem há duas décadas, ok? Relaxem também, Tucanos. Dobrem as bandeiras, todos fizeram sua parte, parasitas.) Colunista da Veja, premiado e tals, cara de conservador de Harvard. Tudo ótimo.

Jornalistas são preguiçosos até na hora de analizar corretamente a arma que usarão para endossar suas manipulações. Kaniz, ao ser perguntado capciosamente "o que era real e fictício" nessa crise, ele respondeu. Mesmo. Respondeu tanto que o entrevistador tentou minar o que acabou se tornando um "desmedido otimismo". "Não falo sobre otimismo, e sim fatos. Aliás, a imprensa brasileira é que está errando. Vocês têm grande responsabilidade no pânico que foi firmado desnecessariamente aqui no Brasil."

Juro a vocês que ri sozinho.

Mas, claro que falamos de jornalistas e tinham que descreditar o sujeito e dar conotação política a coisa toda. A ultima pergunta, depois de várias intenções de corte das respostas de Stephen Kanitz - com direito a algumas tentivas bem grosseiras - veio faltando bem poucos segundos para o término do programa; "O senhor então concorda com o Lula quando ele diz que o Natal será bom e que podem gastar à vontade?"

Um simples "sim" ou "não" aí seria fatal. Então começa uma explicação de alguém que, por pensar, não acha a resposta simples. Então, o aviso de que o tempo estava se esgotando; "Um segundo, amigo, você me perguntou e agora vou responder. É a minha reputação que está em jogo e não a sua!". E respondeu de modo satisfatório.

Juro a vocês que ri sozinho novamente. A reação de um jornalista quando se é contrariado é incrível. Ao vivo então, é uma beleza. Acho que por isso ninguém os fiscaliza; Seria hilário demais contrariá-los.

Hoje, assistindo a essa entrevista, que duvido que muitos tenham visto, tive a alma lavada. Uma informação clara de quem não está com um galão de gasolina pronto para despejar numa fogueira ou com um caminhão de bombeiro para apagar o fogo a qualquer custo. A coisa foi - como posso escrever isso?- real. Foi como achar uma garrafa de San Pellegrino no meio de uma piscina olimpica de merda.

Bem, desculpem essa última linha. Serei mais ponderado em minhas considerações. Sem pânico, nem com grandes louvores ao supremo. Ele pode estar bem errado, e foi só uma idéia, um boa visão e, como há muito não aparecia, uma bem plausível. E idéias podem mudar, ao contrário de convicções. E, cá entre nós, chega de convicções.


Boa parte dos jornalistas são convictos, e notem quão ridículos são.

Sunday, October 05, 2008

"Fazer cartuns é uma espécie de missão de paz intolerante. Ao contrário de declarar guerra é, insistentemente, declarar o óbvio. E não há nada de engraçado nisso tudo. O riso, se houver, é conseqüência." (Beto)

O Beto, cartunista tomado por mim como fodão (e não existe outra palavra na língua pátria que o traduziria melhor), foi mais um dos cartunistas que cultivo admiração e enorme respeito que fechou seu blog.

Espero que não tenha desistido do cartun, pois, caso for, provaria-me em definitivo que a burrice e falta de educação, que é uma espécie de epidemia nacional, não está matando somente quem a porta e gerações futuras, mas também talentos ímpares como Beto. Pra lá de triste. Emputecedor por completo.


Cartunistas, às nanquins!

Thursday, October 02, 2008

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Em tempos de pleito, o jogo do poder fica mais divertido se for em tabuleiro.

Idéia impressa na Revista Vírus Planetário. Essa belezinha é resultado da mente maravilhosamente doentia de Bruno Ruivo.



E não comentarei uma linha sobre o hiato das postangens. Ar arrogante pinta uma falsa imagem de competência blasé ao artista. Às favas, chinelagem.
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