Wednesday, April 11, 2007

ERREI.
Minha perseguição doentia à preclara classe dos jornalistas me traiu. Culpei, sem o conhecimento necessário, o canal de notícias G1 pela sua falta de compromisso com o relato de um suicído ocorrido no metrô carioca. O que chamei de omissão por interesses comerciais, foi, na verdade, uma interpretação do jornal de uma orientação da Organização Mundial da Saúde, que, mais que bem embasada, publicou em 2000 o manual "Prevenção do Suicídio; Um manual para profissionais da mídia".

Procurei me informar e me desculpar pela gafe cometida quando li, nos comentários desse blog, um adendo de "Daniela". Segue; "Os jornais não podem publicar notícias sobre suicí­dio. Nenhum." O "nenhum" no final foi inquestionável. (pausa) Claro que é questionável...
Mas, Opa! Estou escrevendo que errei por ter escrito que o silêncio foi por motivo comercial. Nada mais. O motivo, depois de ler direitinho a orientação da OMC - Orgão pelo qual cultivo enorme respeito - só me levou a crer que nada foi escrito por pura preguiça.
Dani e audiência, percebam, a OMC - e suponho que seja essa a base da oritentação, posto que os jornalistas não têm Conselho regulador da classe, que o código de ética da ABI (Art. 10º) nada diz e que qualquer braço do poder público que diga "não pode" para a imprensa vira "censura" - nesse manual, sugere "O Relato de suicídios de uma maneira apropriada, acurada e cuidadosa, por meios de comunicação esclarecidos, pode prevenir perdas trágicas de vidas".

Ao longo de todo manual li alguns "Não pode";
- Não publicar fotografias do falecido ou cartas suicidas;
- Não informar detalhes específicos do método utilizado; (Escrever que se jogou no metrô não é especificar método! Dizer que foi o pimeiro vagão, onde o condutor não teria ação e seria batata, sim.)
- Não fornecer explicações simplistas;
- Não glorificar o suicídio ou fazer sensacionalismo sobre o caso;
- Não usar estereótipos religiosos ou culturais.
- Não atribuir culpas.
Se os jornalistas não sabem dar a notícia sem recair nisso, francamente...
Alcoolismo, drogadição, adicção, depressão e suicídio são problemas ocultos de saúde pública que a mídia não gosta muito de dar espaço. Por incompetência e, de novo, para fugir de responsabilidade, preferem se esconder atrás de um quentinho "Não posso escrever" ao invés de tentar - ineditamente - fazer algo de bom para a sociedade. Dani só me orientou onde estava o verdadeiro erro do G1; Covardia e preguiça.

Bem, como jornalistas que estão ali no "front" são preguiçosos, também me valho do direito de procrastinar e não procurar uma fonte segura onde esteja escrito "Não podemos escrever sobre problemas de suicídio. Nunca".

Se alguém da audiência achar e escrever que estou errado, me retratarei novamente aqui. E quantas vezes forem necessárias. Afinal, não sou um jornalista podre e me desculpo polidamente pelas gafes que meu teclado comete.

2 comments:

Patellato de fernandoxilina said...

Orientações da Organização Mundial da Saúde são absolutamente permeadas de interesses comerciais, caríssimo (vide pesquisas de vacinas na África, por exemplo). De modo que a referência a omissão por interesse comercial não está de todo incorreta.

Suco de Cérebro said...

só uma pergunta...
e no caso do Kurt Cobain?
foi publicada a carta,o método e os possíveis motivos
no caso de celebridades tudo bem?
ou to falando muita besteira?

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