Friday, August 03, 2007


Operação Dezdomês – Dia 2.
O segundo dia da Operação Dezdomês começou estranhamente cedo. Como já tinha feito os últimos acertos no planejamento ontem, não tinha mais desculpa para ficar na cama. Era acordar e levantar. Tomei um café reforçado, dei mais uma olhada se minha aparência refletia dinamismo e capacidade profissional, paguei a moça que dormiu comigo e fui às ruas.

Ainda pasmo como um novo ângulo de sombras que o Sol fazia pela manhã, segui caminho em direção às duas empresas que possivelmente me aceitariam como funcionário. Não me importei se eles estavam ou não precisando de pessoas. Não vi nenhum anúncio sobre sua necessidade de admissão. Pensei positivo, dei uma bela respirada e coloquei-me recepção adentro da primeira empresa. É assim que se faz, crianças. Sagacidade é o pilar do empreendedorismo.

Sagacidade pode ser pilar de um monte de coisa, mas realmente não era garantia de que eles teriam vaga. Como já desconfiava, a mulher maquiada como um palhaço, e que provavelmente passou por um teste do sofá para estar naquela recepção, disse-me que "o quadro de profissionais" estava completo. Não desanimei. Tentei convencê-la a me por em contato com um representante do RH. Alguém importante, enfim. Qualquer pessoa que, como ela, tenha dado para ser admitida, mas que tenha proporcionado um sexo melhor ao contratante e conseguido voz ativa na companhia. Recebi outra negativa.

Mulheres que se maquiam como palhaço são jogo duríssimo e irredutíveis. Quase me convenci de que ela, de fato, não deu para ninguém para ser admitida. Estava ali porque persuadiu seu contratante a bofetadas. Garota forte. Mesmo assim, não me intimidei e pedi para que guardasse meu currículo para qualquer caso de desfalque na empresa. Demissão, aposentadoria, ou algum “acidente” com os freios do carro de alguém (Não tive acesso à garagem do prédio, então o fator “acidente” deverá ser acidental mesmo). Armou um sorriso amarelo e guardou meu currículo na mesa dela. Junto aos panfletos promocionais da Casa&Video e do Ponto Frio. Mas me vinguei. Num movimento de protesto, ao invés de pegar uma bala de cortesia como todos estavam fazendo, eu peguei 6! Quero ver essa empresa receber seus clientes com 6 balinhas a menos. Vitória!

Depois de alguns anos trabalhando por conta própria, é inevitável que eu ainda exale o ranço de Free-Lancer. Parece que está escrito “Profissional Liberal” na minha testa. E em neon piscante. Prova disso é que na segunda empesa que visitei, consegui falar com alguém do RH. Claro, depois de passar pela recepcionista jogo duro. (Se algum técnico de Rugby lê meu blog, recomendo recepcionistas como zagueiras do seu time. Independente de seu peso, elas são intransponíveis) De lá, a mulher me passou para alguém da minha área. Um gajo mais ou menos coma a minha idade ficou surpreso com o currículo – de última hora, acabei adotando “Rodrigo Figueiredo Rockefeller Ghandi III”. Infelizmente eles também não tinham disponibilidade para permanentes. Contudo, disse-me que precisava de um trabalho de free-lancer e perguntou se eu faria. Me traí e aceitei o trabalho. Melhor do que nada. Ganho um dinheiro honesto para gastar tudo em Sete Belo e Marlboro e ainda incluo uma empresa no meu rol de “Prováveis contratantes”. Avante!

Por amanhã ser sábado, não sei se conseguirei procurar trabalho. Talvez em feiras no bairro de hortifrutis. Mas minhas experiências como vendendor foram vergonhosas e não sei manusear legumes sem amassar, comer ou tacar em aniversariantes e políticos. Idéia descartada. Guardarei a noite de hoje para reflexão.

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