Saturday, August 11, 2007

Operação Dezdomês – 9/08/07 – Dia 5.

Hoje fui vencido pelas maneiras tradicionais e resolvi me apresentar a lugares onde estivessem precisando de trabalhadores. Idéia que deveria ter posto em prática desde o primeiro dia. Mas, teoria nunca foi meu forte. Para aprender a andar tive que cair. Para odiar Paulo Coelho tive que lê-lo. Para entender que minha ex-namorada era uma puta, tive que flagrá-la com meu irmão – e meu irmão avisou tanto que ela não prestava. Teimosias, enfim.

A Catho não foi uma perda de tempo completa. Uma vaga para Designer foi oferecida por uma “grande empresa” no Rio. Engraçado como todas as empresas são grandes nesses anúncios. Parece que a própria mãe do fundador da companhia é quem dá os atributos. Idiota. De grande, a tal empresa nada tinha, salvo,claro, a fila de pretendentes.

A última vez que vi tanto designer numa fila foi na entrada do Tim Festival. Eles não pareciam tão descolados como no festival, se “humilhando” naquela fila por um emprego. Além de um silencioso orgulho ferido, a tensão também impereava no lugar. Vi um sujeito que estava com seus óculos de armação grossa embaçados de tando suar. Quanto a mim, bem, eu era o sujeito mais calmo ali. Olhar em volta de toda recepção e imaginar “Já fui expluso de lugares melhores” me deu uma confiança extraordinária. Estava brilhando. Ainda mais, depois de perceber que não haviam seguranças no lugar. Claro que me comportei, o zelador era um baixinho troncudo e sei que nessas empresas de pequeno porte os funcionários acabam acumulando funções. Não paguei para ver.

Bem, como os designers não estavam muito a fim de papo, foi uma espera muito chata. Até tentei descontrair, puxando um assunto sobre ética na estética. Na mais mórbida das intenções, claro. Queria saber qual seria a opinião de um sujeito desesperado que na faculdade falava mal da programação visual da Assolan, que agora até lamberia os pés do animador da personagem Palha de Aço por algum trocado. Demais ver as pessoas olharem seu real lugar e engolirem seco suas opiniões de “louges” para não se contradizerem. Muito, mas muito divertido. Recomendo aos leitores.

Onze copos de água e uma hora e meia depois, finalmente foi a minha vez de fazer a entrevista. O entrevistador, com meu currículo na mão, disse-me educadamente que minha experiência com arquitetura não seria levada em conta, assim como minha ligação com a família Rockefeller. Tudo bem. Na primeira eu não era brilhante e a segunda era uma mentira descarada, minha confiança continuava inabalada. Acho que falar isso ao entrevistador também foi um bom movimento. Demos boas risadas. De cores diferentes, claro, mas foram risadas.

Meu tempo de entrevista tinha acabado, e a maldita quebra de gelo tirou o péssimo entrevistador de seu foco principal, que era eu. Saí da entrevista dando endereços de thermas bacanas e cassinos ilegais. O tédio da espera acabou alimentando minha necessidade de falar abobrinhas com alguém. Discutimos se o Mondeo era melhor que o Ômega – assunto de quase 40 minutos! - se a segurança do PAN iria durar no Rio e chegamos à conclusão de que era um desperdício a recepcionista ser noiva. Saindo da reunião, entreguei meu maço de Marlboro para ele dizendo que era uma idiotice ele querer parar de fumar. Bem, consegui um camarada pra bater papo.

2 comments:

Unknown said...

se ainda estiver trancado no quarto, vo ti falar viu....tu eh o cara!!!
vai atualizar essa porra não??

Luisones said...

Divertidos os textos da "Operação".

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